A Associação Americana para Pesquisa do Câncer divulgou na edição deste mês de sua revista, “Cancer Epidemiology, Biomarkers & Prevention”, um recente estudo sobre os benefícios de exercício moderados e de longa duração na prevenção do câncer de mama, doença mais comum entre as mulheres no mundo e no Brasil, depois do de pele não melanoma, correspondendo a cerca de 25% dos casos novos a cada ano. No Brasil, esse percentual é de 29%. Em 2017, foram 16.927 mortes decorrentes do câncer de mama, sendo 16.724 mulheres e 203 homens. Em 2018, a estimativa era de 59.700 casos novos de câncer de mama no Brasil.
Durante dois anos, os pesquisadores trabalharam com 400 mulheres sem câncer, com idades entre 50 e 74 anos, com o objetivo de comparar o efeito de uma atividade aeróbica moderada, com 150 minutos por semana (30 minutos diários), e de uma alta atividade aeróbica, com 300 minutos por semana (60 minutos diários), em biomarcadores intermediários de câncer de mama existentes no sangue ou na urina, que são indicadores de risco da doença. Nesses biomarcadores estão como insulina, glicose, estrona (um hormônio sexual feminino), estradiol (uma forma de estrogênio) e HOMA-IR (que mede a resistência à insulina).
Corrida é um dos exercícios recomendados
Ter o hábito de se exercitar regularmente não apenas ajuda na saúde mental, como a redução do estresse, mas também melhora na saúde física. A corrida, por exemplo, ajuda a reduzir o risco de doenças como diabetes tipo 2, doenças cardíacas e até mesmo certos tipos de câncer.
As participantes poderiam realizar qualquer tipo de atividade aeróbica que desejassem cinco dias por semana durante um ano. As do grupo “moderado” se exercitaram por 30 minutos por dia e os do grupo “alto” se exercitaram por uma hora por dia.
Depois de um ano, os biomarcadores melhoraram em geral para ambos os grupos. Entretanto, não foi observada nenhuma melhora significativa nos dois grupos. Segundo os pesquisadores, isso significa que fazer exercícios de duração moderada ou alta pode reduzir o risco de câncer de mama. Alguns biomarcadores, como estrogênio e insulina, permaneceram os mesmos porque já são baixos em mulheres na pós-menopausa.
– Se você tem alta resistência à insulina, inflamação, níveis de gordura corporal ou outros biomarcadores, corre um risco maior de desenvolver câncer de mama – afirma Christine Friedenreich, Ph.D., diretora científica do Departamento de Epidemiologia e Prevenção do Câncer do Serviço de Saúde de Alberta Pesquisa, à Runner’s World americana. – Sabemos que, se a pessoas é fisicamente ativa, reduz o risco de câncer de mama.
Pesquisas anteriores já tinham apontado que o exercício reduz a resistência à insulina (uma condição em que seu corpo tem problemas para absorver glicose, o que pode causar a acumulação de açúcar no sangue), a inflamação e a gordura corporal. Isso é importante, porque cada um deles está ligado a um risco aumentado de câncer de mama.
– As mulheres que realizaram 300 minutos de exercício por semana tiveram reduções muito maiores de gordura corporal do que aquelas que se exercitaram por menos tempo – disse Christine. – Isso é especialmente importante, pois muitos estudos demonstraram que o excesso de peso ou a obesidade aumentam o risco de desenvolver câncer de mama na pós-menopausa. Portanto, reduzir a gordura corporal, um marcador da obesidade, é um meio de reduzir o risco de câncer de mama após a menopausa.
Se uma atividade aeróbica de 150 minutos já traz muitos benefícios, reduzindo o risco de câncer de mama, de acordo com Christine, atingir a marca semanal de 300 minutos é ainda mais proveitoso. Portanto, continue fazendo suas atividades físicas diárias, mas sabendo que ele deve ser sempre superior a 30 minutos.